Barroso Guimarães nasceu na cidade de São Paulo, mas mora em Aracaju há mais de 21 anos. Foi repórter da Rádio Jornal, editor de esportes do jornal Correio de Sergipe e o primeiro apresentador de um programa de esportes em uma TV a cabo (TV Cidade). Além disso, ministrou o curso de Radialismo no Senac, em 2005. Atualmente tem um programa Jornal da Milenius na Rádio Milenius FM de Itaporanga de segunda a sexta-feira das 12:00 às 14:00 horas e aos domingos das 6:00 às 8:00 apresenta o programa " A Voz da Fetase" na Rádio Jornal AM, um programa destinado aos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Barroso Guimarães foi um dos vencedores do Prêmio BNB de Jornalismo 2006. (Fontes diversas)
JornalUFS07: O piso salarial é algo que afasta algumas pessoas de optarem pelo jornalismo como profissão? Qual a análise que o senhor faz deste aspecto, do mercado de trabalho para os profissionais sergipanos?
Barroso Guimarães: Também. Algumas pessoas não fazem jornalismo porque amam a profissão e sim como trampolim para alcançar objetivos dos mais diversos. Levam o jornalismo como bico e se sujeitam trabalhar por qualquer valor. Isso faz com que a nossa profissão seja desvalorizada. O mercado de trabalho é muito restrito. Nós continuamos com três jornais diários há mais de 25 anos e de lá para cá não aumentou. A Gazeta fechou e entrou no seu lugar o Jornal do Dia. Enquanto isso, durante esse período quantas pessoas já saíram das universidades?
Muitas pessoas seguiram outra profissão porque não tiveram oportunidade de ingressar no mercado de trabalho.
JornalUFS07: Em comunicação qual é a área que mais demanda profissionais, tanto em Sergipe quanto no Brasil?
Barroso Guimarães: Poucos alunos que estudam comunicação querem ingressar no jornal ou rádio. Se você fizer uma pesquisa à maioria quer televisão. No rádio esportivo de Sergipe existe uma demanda muito grande. A renovação é muito pouca e quando tem alguém que se interessa, no entanto, não tem talento suficiente para ingressar na carreira.
No jornal, os estudantes têm dificuldades em elaborar textos e acabam desistindo no meio do caminho e os melhores são seduzidos pela televisão.
JornalUFS07: O que é preciso para conseguir trabalho relacionado ao jornalismo no exterior, as qualificações exigidas e a dificuldade em se conseguir tal objetivo?
Barroso Guimarães: Primeiro é falar fluentemente inglês e não esses cursos onde se aprende a falar meia dúzia de palavras. O ideal é conhecer no mínimo três línguas. Pós-graduação, mestrado e doutorado e experiência na grande mídia nacional. Depois de muita experiência e bagagem é que se pode pensar numa carreira internacional.
JornalUFS07: Como o advento do webjornalismo refletiu no jornalismo sergipano? Você acha que essa ferramenta é bem aproveitada pelos jornais do estado?
Barroso Guimarães: O webjornalismo facilitou a vida dos jornalistas e serve como fonte de informação das redações. Funciona como uma agência de noticias porque sempre estará à frente do jornalismo impresso. As informações são rotativas e chegam a ficar próximas do rádio. No entanto, ainda é uma coisa nova e que começa a ser absolvida no jornalismo sergipano.
JornalUFS07: A web 2.0 deve ser considerada como ameaça ao trabalho dos jornalistas?
Barroso Guimarães: A web 2.0 seria a troca de informações e colaboração dos internautas com sites e serviços virtuais, o que poderia ajudar no conteúdo. No entanto, o que não pode acontecer é que os usuários se tornem jornalistas. O ambiente on-line se tornará mais dinâmico, mas as organizações das idéias e do conteúdo serão de responsabilidade do jornalista e não do usuário.
JornalUFS07: Qual o panorama atual do jornalismo sergipano?
Barroso Guimarães: O emprego de carteira assinada está praticamente acabando. O jornalista é obrigado a saber vender anúncios, comerciais no rádio e televisão para sobreviver no mercado de trabalho. Os veículos de comunicação valorizam aquelas pessoas que sabem vender o produto e não aquelas que são ótimos jornalistas. Entre um ótimo jornalista e um ótimo vendedor, as emissoras estão optando pelo vendedor. É a lei da sobrevivência.
JornalUFS07: Quais as perspectivas para os futuros jornalistas e para o jornalismo em geral, tendo em vista as mudanças ocorridas com o passar dos anos?
Barroso Guimarães: Não podem ter apenas a visão de jornalista. Para sobreviver tem que ter a visão de empreendedor e possível ter o seu próprio negócio. Procurar ter idéias novas e não cair na mesmice.
Não terá espaço para aquelas pessoas que esperam tudo cair do céu ou serem reconhecidas pelo patrão. Isso não existe.
JornalUFS07: Há algum modo, em sua opinião, de haver uma separação do jornalismo e o poder político, em relação à submissão?
Barroso Guimarães: A Maioria dos veículos de comunicação está nas mãos dos políticos. Quando você é contratado já sabe qual é a linha editorial do veiculo de comunicação. Cabe a você aceitar ou não. O que acontece é que os nossos companheiros precisam do emprego e sujeitam a fazer o jogo do patrão.
Para ser independente, é preciso criar o seu próprio veiculo de comunicação e mesmo assim não poderá fazer tudo o que quiser, uma vez que precisará levantar recursos financeiros para sobreviver no negócio.
JornalUFS07: O que se aprende na universidade é que o jornalista deve noticiar o que não é comum e rotineiro - "notícia é quando um homem morde o cão". Levando em conta esse princípio, qual a influência do jornalismo em fazer com que a exceção seja vista como regra e qual a conseqüência disso?
Barroso Guimarães: O livro de Marcelo Parada fala sobre isso. O que ele quis dizer que noticia é tudo aquilo que mexe no cotidiano das pessoas. Antes de colocar uma noticia no ar, você deve levar em consideração se aquela informação é de interesse público e quantas pessoas ouvirão?
Um exemplo: a divulgação do vestibular da Universidade Federal de Sergipe. É de interesse público? Quantas pessoas estão participando? 35.000. Esse número multiplicado por 4 ( vamos levar em conta pai, mãe, irmãos, tia e vizinha querem saber do resultado. Nós temos mais ou menos 140.000 envolvidos. Então vale a pena fazer a cobertura.).
O que Marcelo Parada quer dizer que você deve procurar matérias inéditas e sair da mesmice. O que vai diferenciar a tua emissora das demais é que você vai fazer o que as outras fazem e o que elas também não fazem. Por isso, é comum fazer rádio escuta, onde você divulga o que a tua emissora não tem e em compensação você procura divulgar o que às outras não têm.
JornalUFS07: Você acredita na objetividade do fazer jornalístico ou seria isso algo intangível para os profissionais da área?
Barroso Guimarães: Acredito. Se puder resumir tudo em uma frase é melhor. Afinal de contas você não pode subestimar a inteligência do telespectador, ouvinte ou leitor. Procure usar palavras simples. Palavras difíceis dificultam a comunicação. O maior comunicador é aquele que se faz entender desde a pessoa mais humilde até a mais graduada.