terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

- Entrevista com Barroso Guimarães

Barroso Guimarães nasceu na cidade de São Paulo, mas mora em Aracaju há mais de 21 anos. Foi repórter da Rádio Jornal, editor de esportes do jornal Correio de Sergipe e o primeiro apresentador de um programa de esportes em uma TV a cabo (TV Cidade). Além disso, ministrou o curso de Radialismo no Senac, em 2005. Atualmente tem um programa Jornal da Milenius na Rádio Milenius FM de Itaporanga de segunda a sexta-feira das 12:00 às 14:00 horas e aos domingos das 6:00 às 8:00 apresenta o programa " A Voz da Fetase" na Rádio Jornal AM, um programa destinado aos trabalhadores e trabalhadoras rurais. Barroso Guimarães foi um dos vencedores do Prêmio BNB de Jornalismo 2006. (Fontes diversas)



JornalUFS07: O piso salarial é algo que afasta algumas pessoas de optarem pelo jornalismo como profissão? Qual a análise que o senhor faz deste aspecto, do mercado de trabalho para os profissionais sergipanos?

Barroso Guimarães: Também. Algumas pessoas não fazem jornalismo porque amam a profissão e sim como trampolim para alcançar objetivos dos mais diversos. Levam o jornalismo como bico e se sujeitam trabalhar por qualquer valor. Isso faz com que a nossa profissão seja desvalorizada.

O mercado de trabalho é muito restrito. Nós continuamos com três jornais diários há mais de 25 anos e de lá para cá não aumentou. A Gazeta fechou e entrou no seu lugar o Jornal do Dia. Enquanto isso, durante esse período quantas pessoas já saíram das universidades?

Muitas pessoas seguiram outra profissão porque não tiveram oportunidade de ingressar no mercado de trabalho.


JornalUFS07: Em comunicação qual é a área que mais demanda profissionais, tanto em Sergipe quanto no Brasil?


Barroso Guimarães: Poucos alunos que estudam comunicação querem ingressar no jornal ou rádio. Se você fizer uma pesquisa à maioria quer televisão. No rádio esportivo de Sergipe existe uma demanda muito grande. A renovação é muito pouca e quando tem alguém que se interessa, no entanto, não tem talento suficiente para ingressar na carreira.

No jornal, os estudantes têm dificuldades em elaborar textos e acabam desistindo no meio do caminho e os melhores são seduzidos pela televisão.


JornalUFS07: O que é preciso para conseguir trabalho relacionado ao jornalismo no exterior, as qualificações exigidas e a dificuldade em se conseguir tal objetivo?


Barroso Guimarães: Primeiro é falar fluentemente inglês e não esses cursos onde se aprende a falar meia dúzia de palavras. O ideal é conhecer no mínimo três línguas. Pós-graduação, mestrado e doutorado e experiência na grande mídia nacional. Depois de muita experiência e bagagem é que se pode pensar numa carreira internacional.


JornalUFS07: Como o advento do webjornalismo refletiu no jornalismo sergipano? Você acha que essa ferramenta é bem aproveitada pelos jornais do estado?


Barroso Guimarães: O webjornalismo facilitou a vida dos jornalistas e serve como fonte de informação das redações. Funciona como uma agência de noticias porque sempre estará à frente do jornalismo impresso. As informações são rotativas e chegam a ficar próximas do rádio. No entanto, ainda é uma coisa nova e que começa a ser absolvida no jornalismo sergipano.


JornalUFS07: A web 2.0 deve ser considerada como ameaça ao trabalho dos jornalistas?


Barroso Guimarães: A web 2.0 seria a troca de informações e colaboração dos internautas com sites e serviços virtuais, o que poderia ajudar no conteúdo. No entanto, o que não pode acontecer é que os usuários se tornem jornalistas. O ambiente on-line se tornará mais dinâmico, mas as organizações das idéias e do conteúdo serão de responsabilidade do jornalista e não do usuário.


JornalUFS07: Qual o panorama atual do jornalismo sergipano?


Barroso Guimarães: O emprego de carteira assinada está praticamente acabando. O jornalista é obrigado a saber vender anúncios, comerciais no rádio e televisão para sobreviver no mercado de trabalho. Os veículos de comunicação valorizam aquelas pessoas que sabem vender o produto e não aquelas que são ótimos jornalistas. Entre um ótimo jornalista e um ótimo vendedor, as emissoras estão optando pelo vendedor. É a lei da sobrevivência.

JornalUFS07: Quais as perspectivas para os futuros jornalistas e para o jornalismo em geral, tendo em vista as mudanças ocorridas com o passar dos anos?


Barroso Guimarães: Não podem ter apenas a visão de jornalista. Para sobreviver tem que ter a visão de empreendedor e possível ter o seu próprio negócio. Procurar ter idéias novas e não cair na mesmice.

Não terá espaço para aquelas pessoas que esperam tudo cair do céu ou serem reconhecidas pelo patrão. Isso não existe.

JornalUFS07: Há algum modo, em sua opinião, de haver uma separação do jornalismo e o poder político, em relação à submissão?


Barroso Guimarães: A Maioria dos veículos de comunicação está nas mãos dos políticos. Quando você é contratado já sabe qual é a linha editorial do veiculo de comunicação. Cabe a você aceitar ou não. O que acontece é que os nossos companheiros precisam do emprego e sujeitam a fazer o jogo do patrão.

Para ser independente, é preciso criar o seu próprio veiculo de comunicação e mesmo assim não poderá fazer tudo o que quiser, uma vez que precisará levantar recursos financeiros para sobreviver no negócio.

JornalUFS07: O que se aprende na universidade é que o jornalista deve noticiar o que não é comum e rotineiro - "notícia é quando um homem morde o cão". Levando em conta esse princípio, qual a influência do jornalismo em fazer com que a exceção seja vista como regra e qual a conseqüência disso?


Barroso Guimarães: O livro de Marcelo Parada fala sobre isso. O que ele quis dizer que noticia é tudo aquilo que mexe no cotidiano das pessoas. Antes de colocar uma noticia no ar, você deve levar em consideração se aquela informação é de interesse público e quantas pessoas ouvirão?

Um exemplo: a divulgação do vestibular da Universidade Federal de Sergipe. É de interesse público? Quantas pessoas estão participando? 35.000. Esse número multiplicado por 4 ( vamos levar em conta pai, mãe, irmãos, tia e vizinha querem saber do resultado. Nós temos mais ou menos 140.000 envolvidos. Então vale a pena fazer a cobertura.).

O que Marcelo Parada quer dizer que você deve procurar matérias inéditas e sair da mesmice. O que vai diferenciar a tua emissora das demais é que você vai fazer o que as outras fazem e o que elas também não fazem. Por isso, é comum fazer rádio escuta, onde você divulga o que a tua emissora não tem e em compensação você procura divulgar o que às outras não têm.


JornalUFS07: Você acredita na objetividade do fazer jornalístico ou seria isso algo intangível para os profissionais da área?


Barroso Guimarães: Acredito. Se puder resumir tudo em uma frase é melhor. Afinal de contas você não pode subestimar a inteligência do telespectador, ouvinte ou leitor. Procure usar palavras simples. Palavras difíceis dificultam a comunicação. O maior comunicador é aquele que se faz entender desde a pessoa mais humilde até a mais graduada.



5 comentários:

Anônimo disse...

"JornalUFS07: Você acredita na objetividade do fazer jornalístico ou seria isso algo intangível para os profissionais da área?

Barroso Guimarães: Acredito. Se puder resumir tudo em uma frase é melhor. Afinal de contas você não pode subestimar a inteligência do telespectador, ouvinte ou leitor. Procure usar palavras simples. Palavras difíceis dificultam a comunicação. O maior comunicador é aquele que se faz entender desde a pessoa mais humilde até a mais graduada."

A melhor pergunta/resposta para mim foi essa. Adorei a entrevista. Parabéns a todos que fizeram as perguntas e ao nosso entrevistado. Realmente muito legal o trabalho!

[ I ]gor David Sá disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
[ I ]gor David Sá disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

"O emprego de carteira assinada está praticamente acabando..."

Que tristezaaaa..... :[

Parabénsss pela entrevista...

Elaine Mesoli disse...

legal a entrevista.
pena que seja um mercado de trabalho tão restrito